MalucO BeleUza

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domingo, 6 de agosto de 2017

A Recuperação

Ok, estava tomando Reconter e cada vez menos usando o Frontal. Percebi que a recuperação é uma montanha russa, com a diferença que as descidas são cada vez menores e as subidas cada vez mais altas, mas vire mexe tem uma descidinha mais intensa do que a anterior para dar aquele friozinho na barriga.

Fiquei afastada do serviço por 3 meses, apaguei facebook, exclui o whatsapp. Não queria prejudicar meu tratamento e até mesmo magoar-me com pessoas que amo simplesmente por elas não entenderem o que eu tinha, dizendo coisas do tipo: "Você não precisa ficar assim", "Você têm tudo", "Reage!", etc...

Meu tratamento era basicamente em Reconter, Frontal e Psicanálise. Principalmente a psicanálise, pois o remédio é só paliativo. A analogia é como o remédio para a febre, ele tira a febre, mas não cura a causa dela, que pode ser desde uma simples gripe até uma infecção.  Durante esse tempo eu respeitei meu corpo, se eu queria dormir, dormia, se eu queria gritar, gritava.

Não podia ver a cara do meu namorado, tínhamos acabado de começar o namoro. Eu fui honesta com ele desde o começo, sentei e expliquei: "Estou doente e vou precisar de você, mas você  não precisa ficar, vai ser uma fase muito difícil!". Ele decidiu ficar e como gosta muito de ler sobre tudo, eu pedi para ele "Por favor, leia sobre a doença e veja como você pode me ajudar".
Sério, essa conversa franca foi essencial para a minha recuperação!

Se você acompanha esse blog desde o início, deve ter notado que eu alterei o gênero no qual eu refiro a mim mesmo. Na verdade eu sou mulher e não homem e, por algum motivo (medo talvez de algum conhecido encontrar o blog) eu optei na primeira postagem em me referir sempre no gênero masculino, mas como o blog tem ajudado muitas pessoas que estão passando pela mesma situação, resolvi continuar escrevendo, mas agora no gênero correto.

A terapia me ajudou muito, na verdade foi fundamental. Por exemplo: Quando eu fiquei muito mal, minha mãe não estava em uma fase muito boa e com muita paciência e eu queria ficar grudada nela 24h por dia, por causa do medo que sentia. A terapia me ajudou a identificar que ficar grudada a ela só me deixava pior, pois ela reclamava dos problemas dela e eu absorvia, achando que eu era a culpada por aqueles problemas. Quando eu identifiquei esse comportamento com as minhas sessões de análise, eu optei por ficar um pouco mais afastada, o que ajudou MUITO em meu progresso inicial. Neste momento, meu namorado já tinha lido bastante sobre o assunto e conseguiu se aproximar e me ajudar em todo esse processo.

Em terapia eu descobri que um evento traumático que tinha acontecido a 2 anos atrás ainda não tinha sido bem digerido pelo meu subconsciente, o que acabou a acarretando em um stress pós traumático.

Portanto, se você que está lendo esse blog sofre desses transtornos como: Síndrome do Pânico, Transtorno de Ansiedade Generalizada. Fiquem tranquilos, isso não vai durar para sempre e vocês não vão enlouquecer, mas não procurem somente um psiquiatra, mas também  um psicólogo, psicanalista, enfim... Eu prefiro psicanalista porque sinto que ele mexe mais fundo, mas fiz gestalt por um tempo e também gostei bastante.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Os Primeiros Meses

Após algum tempo tomando o Reconter (cerca de 6 dias) eu comecei a perceber que os efeitos colaterais que ele me dava juntamente com os sintomas da Síndrome do Pânico e da Crise de Ansiedade podiam ser facilmente revertidos pelo Frontal.

Eu tinha muito medo do Frontal, por se tratar de um remédio tarja preta, controlado e tudo mais... Morria de medo de viciar! Não queria me tornar um dependente de remédio para toda vida, mas minha psiquiatra me garantiu que eu só viciaria se eu tomasse mais do que 3 meses seguidos e que eu poderia inicialmente tomar até 4 Frontais de 25mg por dia.

Um dia resolvi perder o medo e tomei um Frontal... E foi como se eu voltasse a ser o mesmo de antes, sem crises, sem tremores, sem choro, foi incrível! E daí em diante sempre que me dava um sintoma estranho eu mandava Frontal pra dentro, isso foi durante 1 mês mais ou menos e aos poucos, sem perceber, eu estava tomando o Frontal em espaços de tempo cada vez maiores.

Antes de toda a reviravolta em minha vida, eu trabalhava em uma multinacional famosíssima, daquelas que qualquer um sonharia em trabalhar. O que mais me irritava internamente é que eu tinha 22 anos, tinha meu carro, o emprego dos sonhos, estava me formando e tinha a família perfeita.... Na minha cabeça eu "não tinha motivo para ficar daquele jeito" e na cabeça das outras pessoas, principalmente as mais leigas no assunto, também. E eu mal sabia que esse pensamento errôneo só prejudicava o meu próprio tratamento, porque é como se eu não aceitasse a doença e não respeitasse o meu próprio corpo.

Na minha cabeça a depressão só acometia pessoas que ficavam o dia todo em casa ou que estavam tristes por algum motivo, eu não tinha noção da seriedade do que é depressão, síndrome do pânico e crise de ansiedade e que essas doenças podem inclusive matar.

Na época em que eu tive depressão eu estava muito empolgado no emprego, eu chegava a trabalhar 18 horas por dia e na minha cabeça talvez isso que tivesse desencadeado todo esse transtorno e eu só precisaria descansar o meu corpo um pouco que tudo ficaria bem. Então toda semana eu ligava para o meu chefe falando que na próxima semana eu estaria de volta... E foi assim durante 3 semanas, até eu conseguir admitir para mim mesmo que não era só esse o meu problema e que eu só iria conseguir voltar a trabalhar quando o meu corpo estivesse pronto! E eu decidi que estava disposto a espera-lo, o tempo que fosse! Foi quando eu entrei de licença e o tratamento começou a caminhar...

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